Janeiros atrás

Não me conformo com janeiro ter se tornado um mês de tragédias por causa das chuvas. Janeiro era mês de muita praia, muita festa, de cuba libre, de conversas nas calçadas com os amigos, de qualquer coisa que pudesse ser feita ao ar livre. Ao menos é assim que me lembro de meus janeiros, da época em que eu só lia a parte divertida dos jornais. E quando chovia tínhamos competição de barquinhos de papel, que deviam seguir a correnteza das águas da chuva e ultrapasar o bueiro sem cair nem ficar preso. Meus barquinhos eram um fracasso, o que me deixava fora da brncadeira até começar outra rodada.

O tempo todo as mães berravam das portas e janelas pra sairmos da chuva e respondíamos descaradamente que não estava chovendo. Algumas vezes, nas chuvas mais fortes, vinha uma ou outra tentar agarrar o filho pelo braço pra arrastá-lo pra segurança do lar. Outras mães seguiam-se à primeira, numa espécie de competição pra ver quem levaria o filho primeiro pra casa. Nessas horas, a criançada corria junto, pra todas as direções, que nem pirralhos brincando de pique. As mães corriam atrás. Não demorava pra que ficassem tão ensopadas quanto os filhos e acabavam entrando nas brincadeiras. Chegava sempre a hora em que ficávamos só assistindo aquele bando de adultos agirem que nem crianças.

População ignorante, vivendo apenas o 'carpe diem' sem pensar no futuro; governos irresponsáveis, distantes da realidade que os cercam... Os janeiros da minha maturidade me assustam e a cada janeiro, fico imaginando quantas tragédias mais os jornais trarão no próximo ano.

Bjs carinhosos

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